Patrícia Almeida
notícia

Mais de metade dos portugueses receia uso indevido dos dados pessoais na Internet

Mais de metade dos portugueses (54%) manifesta preocupação com o uso indevido dos dados pessoais em atividades como o banco online ou compras na Internet, acima da média europeia, que ronda os 46%.

Os dados constam do Relatório Cibersegurança em Portugal - Sociedade 2020, divulgado pelo Centro Nacional de Cibersegurança (CNCS), que apresenta indicadores atualizados, nomeadamente de 2019, "sobre o estado das atitudes, dos comportamentos e da educação e sensibilização, em Portugal, no que diz respeito à cibersegurança".

O documento, divulgado esta semana, refere que, além desta preocupação com a partilha de dados pessoais, os portugueses evitam mais comprar online devido a preocupações com a segurança de pagamento (23%) do que a média da UE (6%).

A este fator não será alheio o "decréscimo assinalável em relação ano anterior", em Portugal e na média da UE, "entre os que afirmam ser capazes de se proteger o suficiente contra o cibercrime -- menos 8 pontos percentuais em Portugal (45%) e menos 9 na média da UE (52%)".

De referir que, embora o relatório incida sobretudo no ano de 2019, ele não ignora o efeito que a pandemia de Covid-19 pode ter tido nos indicadores que são apresentados.

Dados da ANACOM mostram que o consumo do serviço de Internet fixa aumentou 61,1% no primeiro semestre de 2020, comparando com o mesmo semestre do ano anterior.
 
Um aumento que poderá estar relacionado com as mudanças na organização do trabalho, do ensino e dos transportes provocadas pelas medidas de combate à pandemia, as quais promoveram o trabalho e a aprendizagem à distância, o isolamento dos indivíduos, uma maior dependência dos serviços digitais e um uso mais frequente de computadores portáteis e dispositivos móveis, fornecidos ou não pela entidade empregadora ou escolar.

Esta circunstância – refere o documento – favoreceu o aumento de ciberataques oportunistas.

“Internacionalmente, foi identificado o crescimento de algumas ciberameaças relacionadas com a pandemia, tais como campanhas de phishing; infeção por software malicioso, algum dele ransomware; aplicações fraudulentas; desinformação; ou fraudes digitais para a compra de materiais médicos”, pode ler-se no relatório.

Em Portugal, tendo em conta os dados publicados pelo Observatório de Cibersegurança ao longo de 2020, verifica-se um crescimento significativo do número de incidentes registados pelo CERT.PT, em cerca 101%, entre o primeiro semestre de 2020 e o mesmo período do ano anterior. Um dos aspetos mais relevantes destes dados é o contributo do phishing para este aumento.

O relatório dá ainda conta que os valores em Portugal estão abaixo da média da UE em muitos indicadores, o que significa que “é necessário realizar um esforço acrescido de educação e sensibilização para as atitudes e os comportamentos mais adequados para uma maior proteção dos indivíduos e das organizações”.